terça-feira, 6 de julho de 2010

Da Costa


Lembro-me das manhãs na praia com grandes ondas e das tardes na piscina. Dos grandes almoços. Das pinhas e da resina. Dos escuteiros. Dos longos passeios de bicicleta. Das tendinhas cheias de nenucos e cozinhas de brincar. Do parque dos índios e dos churros. Da mercearia e da peixeira. Dos jogos de UNO e dominó à noite. Das guerras na cama de rede. Do ruo ruo que se ouvia todas as manhãs. Do B que aparecia à hora de almoço, com cara de quem acabou de acordar e em tronco nu. Das centenas de misangas que gastávamos a fazer colares e pulseiras. Dos passeios no paredão ao fim do dia. Dos gelados pequenos e com formas de peixes e dos outros que tinham sempre um boneco no fundo da caixa. Da caneca com a Mônica estampada. Daquela semana em Agosto que não parava de chover. Dos trabalhos de férias que éramos obrigados a fazer e da Malhação que fazia as nossas delícias. Do jogo do quatro em linha e dos cães babosos que os nossos vizinhos tinham. Das línguas da sogra e das línguas de veado do Santo António.Do caminho para a praia e do caminho para o ringue. Da sopa da panela de ferro. Dos pinhões que partíamos e das flores que só abriam à noite. Da hora em que chegavam os pescadores à praia  e era ver os peixinhos a saltarem na rede. Dos fogos de concelho. Dos lava-loiças e da casinha de madeira. Dos alemães e dos franceses que apareciam todos os anos. Do sofá com o tecido de flores e com almofadas a condizer. Dos talheres cor de salmão e dos pratos com desenhos azuis. Do fim repentino. E de muito mais que os dois meses de férias por ano enchiam.

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