quinta-feira, 16 de abril de 2015

Divagações [a pensar em ti]

No outro dia, numa mesa de café rodeada por raparigas, falamos de autoestima. E muito sinceramente, na minha cabecinha eu achava que isto era um problema da adolescência que ia passando com o tempo até atingir um ponto relativamente normal, isto é, também não vamos achar que somos a batata mais especial do pacote. Isto porque, comigo foi assim, gradualmente, os mil problemas e questões que surgiam na minha cabeça foram-se dissipando. Sempre fui super insegura, nunca acreditei nas minhas capacidades, chorava antes de cada teste, achava que não ia passar, estive nos dois primeiros anos de liceu a achar que nunca iria entrar no Técnico. Até que a vida me provou o contrário, sempre tive boas notas, sempre fui boa aluna e, efectivamente, entrei na faculdade que queria. Claro que agora, as notas não são tão boas e as dificuldades são mais que muitas, claro que também no inicio foi muito mais complicado e fui aprendendo a lidar com a vida académica. Já não fico stressada antes das entregas e aprendi a relativizar o facto de uma ou outra cadeira terem ficado para trás. Basicamente, já não sou tão boa mas aprendi a lidar com isso, organizei-me e faço o melhor que posso e sei e apesar deste caminho não ser tão fácil quanto isso, tenho a certeza que vou acabar este curso no tempo certo. Enfim, uma pessoa vai crescendo e aprendendo. Também sempre fui bastante tímida e selectiva nas minhas amizades, nunca dei confiança a muita gente nem fui a pessoa mais social de sempre. E sim, já tive problemas por achar que tinha poucos amigos. Até que percebi que tenho os que tinha que ter, tenho na minha vida as pessoas que escolhi e para as quais acho que o meu tempo vale a pena ser gasto. E isso é um problema? Claro que não. Posso não ter muitos amigos, mas caramba, os que tenho sei que gostam mesmo de mim. E são mais que suficientes, agora já nem tenho é tempo para todos! E em relação ao meu corpo, o quanto eu já fui traumatizada por achar que tinha o rabo grande demais para as mamas que tenho. Pronto, até posso não ser a pessoa mais proporcional à face da terra, mas sou eu quem tem que viver todos os dias com o meu corpo e ou habituo-me a ele [coisa que já aconteceu] ou faço por o mudar drasticamente [necessidade que não chegou a acontecer]. Também podia ser um bocadinho mais magra e há alturas em que me preocupo bastante com isso, mas quer dizer, se eu não gosto de me mexer e se as minhas dietas [comer sempre bem, vá] nunca fazem com que o meu peso desça, para que me vou preocupar com isso? Sinto-me bem comigo e prefiro comer normalmente e coisas que gosto muito [mas não fazem assim tão bem] de vez em quando, do que andar sempre preocupado com o que enfio na goela e com os números que aparecem na balança. Enfim, estes são alguns dos exemplos, dos dramas que já se passaram na minha cabeça, mas como em tudo, uma pessoa vai crescendo e as coisas mudam. Aprendemos a viver com elas, a minimizar certos aspectos, a ter mais em conta outros, a lidar com determinadas situações. A bem da verdade, se eu continuasse a chorar e a ter ataques de nervos a cada entrega, se vivesse preocupada com o que como e com o peso que tenho que perder, se fosse muito triste por achar que não tinha amigos... Já estava mais que deprimida! E nunca iria, conseguir andar para a frente. Isto já vai longo, mais pegando novamente na questão inicial. Eu, nos meus tenros vinte anos, sou bastante bem resolvida comigo mesma, apesar de continuar a ter os meus dramas, como toda a gente. Acho mesmo que é uma questão de tempo até nos começarmos a sentir melhor connosco próprios, em todos os aspectos. Se calhar uns, são menos rápidos que outros, mas acaba sempre por acontecer, acabamos sempre por aprender a viver connosco. Mal de nós se ficássemos uma vida inteira preocupados com estes pormenores.

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