quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Dos vazios

Nas conversas de café, vagueamos pelos mais variados temas e no outro dia, passámos por limpezas, arrumações, dispensas, armários e arrecadações. Chegando à conclusão que, ou, efectivamente, temos espaço e o ocupamos imediatamente, ou, se deixamos alguma prateleira, gaveta ou afim por ocupar, vai acabar por se tornar, invariavelmente, no local da tralha que não se sabe onde colocar. Tenho o exemplo do meu armário, fui eu que o desenhei, pensando no local para cada coisa, mesmo assim, nos lugares "mortos" acaba sempre por lá aparecer qualquer coisa que tanto poderia estar ali como noutro local qualquer [que só sai quando eu vejo que preciso de mais espaço e reorganizo a coisa]. Acho que no fundo e, se calhar, até é uma coisa muito portuguesa [ou só minha e das minhas amigas] isto do não deitar nada fora, por questões sentimentalistas ou "porque um dia pode dar jeito". Já cheguei à conclusão que nunca damos uso ao que pode vir a dar jeito  e aquilo que fazemos questão de guardar, é só isso mesmo, guardado para nunca mais ser mexido. E se assim é, porque continuamos nós a guardar coisas? Não sei responder a isto. Sei que tenho ali no quarto uma catrefada de maquetes que nunca vou precisar, mas que sou incapaz de deitar fora por todo o trabalho que deram [assim como exercícios de geometria ou apontamentos de uma qualquer disciplina]. Pronto, sei que devia praticar mais o desapego. Talvez quando houver falta de espaço.

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