quarta-feira, 13 de julho de 2016

Destralhar

No sábado passado deu-me na cabeça de reorganizar a minha cómoda, arrumei bijuteria que já não usava, repesquei outras coisas e dei um novo ar a este cantinho do meu quarto. E a verdade, é que durante o processo apercebi-me que tenho demasiadas coisas! Além de guardar coisas que não uso há séculos, tenho outras que nunca usei e umas tantas que não servem para nada. Debaixo da minha secretária e dentro do meu armário, posso encontrar coisas que se fossem para o lixo eu não daria pela falta. Mesmo. Há coisas que por vezes guardo por questões sentimentais, mas há tantas outras que não fazem sentido nenhum estar ali. Só ocupam espaço, acumulam pó e para quê? Nada. A prova disto, é que vivi seis meses em Itália e não senti falta de nada em especial, nem mesmo da metade do meu armário que ficou por cá. O que quer isto dizer realmente? Que tenho muito mais do que aquilo que preciso. É claro que adoro roupa, malas e sapatos e dou uso a quase tudo o que tenho mas na verdade já passei tempo sem essas coisas e não lhes senti a falta... O desejo de consumo e a afinidade que ganhamos com objectos é puramente superficial e começa-me a fazer uma certa confusão. Destralhar tem que ser mais que palavra de ordem. E com uma pequena arrumação no meu quarto ficou mais que decidido que quando tiver a minha casa esta vai ser super clean e com o mínimo de coisas possíveis. Decorada só com livros, fotografias e flores frescas. O que conta nos espaços não são as coisas que lá temos mas sim as memórias que lá fazemos. Cada vez acredito mais nisso. E cada vez mais tenho diminuído a minha veia consumista para guardar o meu dinheiro para experiências. Sim, hoje em dia poupo não para comprar isto ou aquilo [muito raramente] mas sim para viajar. São essas memórias que quero para a minha vida. Assim como os jantares com as amigas, os almoços de família, as idas à praia e os passeios pela cidade. Prefiro isso a um armário cheio de tralha. Mesmo. E isto não quer dizer que passe a ser uma hippie e a viver de um amor e uma cabana, não. Quer mesmo dizer que tenho cada vez mais consciência da sociedade de consumo em que vivemos e que não quero isso para mim. Mas continuarei a comprar malas, roupa e sapatos. Quando precisar.

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